Type: Petisqueiras
Petisqueira Alcachofra
Garimpamos peças únicas, que contam histórias eternas
De Portugal para o mundo
"A Casa é um Rosto"
Para assuntos de de(coração), fale com ela
“Quem faz o que gosta não trabalha nunca”. A frase é atribuída ao filósofo Confúcio, mas poderia, com algumas considerações, ter sido pensada pela jornalista e escritora portuguesa Inês Maria Meneses. Nascida em Lisboa, em 1971, ela trabalha desde os seus 16 anos. Hoje, escreve semanalmente para o site do jornal Público a crónica/podcast “O coração ainda bate”, que faz a partir de sua própria casa. Também tem dois programas na Rádio Antena 1, o “Fala com Ela”, no ar desde 2004, e “O Amor É”, juntamente com o psiquiatra Júlio Machado Vaz, esse último desde 2008. Também tem vários livros publicados, o mais recente deles, “Linhas de Valor Acrescentado”, foi lançado em março deste ano. “O meu hobby mistura-se com a minha profissão. Escrever, gravar, ligar o microfone e contar histórias. Tenho sorte! Tenho bastante tempo livre, que gasto com pequenos trabalhos que me dão prazer. É um privilégio, mas já trabalho desde os 16. Agora, posso descansar mais”, destaca Inês. Depois de ter passado boa parte da vida no Norte de Portugal, mais especificamente em Mindelo, uma aldeia com praia, a vinte quilômetros do Porto, ela voltou para Lisboa com pouco mais de 20 anos. Desde 2010, vive em um apartamento no tradicional bairro de Alvalade, juntamente com seu companheiro, o músico e compositor Tozé Brito. “Gosto da proximidade das coisas. Aqui, faço tudo a pé. Gosto das avenidas largas, das árvores, do pequeno comércio, dos bons restaurantes, de tratar as pessoas pelo nome”, conta. Quem tem a oportunidade (e o prazer) de conhecer o apartamento do casal, irá se deparar com uma coleção de peças, quadros e móveis de extremo bom gosto. Mas o que mais atrai é o conjunto da obra, como se cada pedacinho de parede fosse meticulosamente pensado e carregasse uma história em si. “Escolhi sozinha quase tudo que faz parte da decoração. Agora, a casa já está cheia, mas no início andei por becos e ruas duvidosas a mergulhar em lojas cheias de peças antigas. Cheguei a resgatar um lustre de um amontoado de lixo. Acho que nem o dono da loja sabia que o tinha lá”, conta Inês, que também gosta de sair a garimpar. “Sinto-me muito atraída pelo que já tem história e conta várias dentro de casa. Gosto de peças antigas. Procuro sem destino ou elas encontram-me”. Entre os diversos objetos que compõem a decoração do apartamento, destacam-se o armário vermelho de hospital, com mais de 100 anos, o gaveteiro amarelo de dentista, que veio de São Paulo, e o espelho que está na parede da sala. “Gosto muito também do candeeiro nórdico, colorido, uma das peças que comprei a estrear”. Para ela, na decoração de uma casa não podem faltar flores e objetos que contém histórias. “A decoração não pode ser inconsequente”, diz Inês. Respostas em uma palavra (ou mais):Interior ou vida urbana? Praia/campo e cidade. Não me separo de ambas. Divido o meu tempo entre a aldeia com mar e a cidade efervescente.Peças antigas ou novas? Antigas, sem dúvida. Têm que ter já um mistério adquirido.Principal refeição do dia? Jantar!Comida portuguesa favorita? Filetes de sardinha do Pap’Açorda (com arroz de berbigão)Comida favorita em geral? Peixe. Canção favorita? God Only Knows, dos Beach Boys.Livro de cabeceira? Poesia em volta. Até a que não está em livro.O que é um bom dia para Inês? Um dia sem horas e que termine com um jantar de muitas horas. Texto: Marcelo de Andrade Fotos: Carol Lancelotti
“Quando Paris alucina”
“Era pra ser”. Desde que começou a trabalhar na filial brasileira da L’Oréal nove anos atrás, no Rio de Janeiro, o sonho de Mariana Vianna era conseguir uma transferência para a sede da empresa em Paris. Objetivo alcançado em 2022! Logo na primeira semana vivendo na “Cidade Luz”, ela conheceu o francês Arthur Guézou, video maker nascido na Bretanha, oeste da França, e que também havia se mudado para a capital em 2017 em busca de novos desafios na profissão. “Foi o trabalho dos dois que nos fez vir para cá e por isso acabamos nos encontrando. Aqui é o centro da França, onde há mais oportunidades, mais movimento, mais coisas acontecendo”, conta Mariana, que trabalha com pesquisa de consumidor para makeup. Há um ano e meio, o casal decidiu se mudar para um apartamento mais espaçoso. No processo de busca, encontraram a nova casa logo na primeira visita. “Quando entramos aqui e vimos a quantidade de janelas sem prédio na frente, eu já coloquei na cabeça que seria ele. O desafio foi fazer o Arthur imaginá-lo mobiliado, pois não tinha nada – nada mesmo. Mas acabamos nem visitando outros. Ficamos por aqui mesmo.” O apartamento fica localizado no Jourdain, ou “Village Jourdain” para os íntimos, por ainda conservar uma energia bem bairrista, de cidade pequena. “Foi um grande achado. Conhecíamos parte da região, mas não esse cantinho. Estamos ao lado do maior parque de Paris, o que deixa nossa cachorra Theodora felicissima. Ao mesmo tempo, estamos perto de um bairro de vilas bem residencial e a 10 minutos de Bellevile, que tem bastante vida. A mistura da calmaria com o agito é deliciosa – bem como a gente gosta”, destaca a carioca. Do novo lar, Mariana diz que a varanda e a cozinha, semiaberta, são especiais, principalmente porque o casal adora receber amigos em casa. “São dois ambientes muito amigáveis para uma casa cheia. Inclusive, foi esse jeito em comum de lidar com a casa, de ter prazer de receber os amigos que deu aquele empurrãozinho para morar juntos”. A decoração tem de tudo um pouco e a ideia é deixar o apartamento cada vez mais com a cara do casal. “A gente não gosta muito de modas para “vestir a casa”. Eu, particularmente, acho que é o nosso bem mais atemporal. É muito mais sobre a gente do que sobre uma estética especifica do momento. Mesmo que a gente esteja sempre aberto a uma mudançinha aqui e acolá”. As peças que decoram a casa vêm de tudo o que é fonte: tem coisa nova, tem garimpo (eles adoram uma feirinha de antiguidades), tem coisa antiga que já estava com um ou com outro, tem presente de amigos e da familia e tem lembranças trazidas de viagens. “Eu acho que as peças que vêm de outros lugares têm um papel importante de contar histórias. É como se a gente trouxesse um pouco de cada viagem pra dentro da nossa casa. E a fotografia do Arthur também entra muito bem nessa missão de representar memórias, além de ajudar a vestir as paredes”. Na cozinha, por exemplo, há várias fotos dele ligadas à comida (no Bira, restaurante favorito da Mariana no Rio, e que fez questão de levá-lo), no Japão, numa viagem que ele fez a Ásia, na China, numa feira do Jardim Botânico, entre outras imagens. “Na sala, há um pequeno espaço que homenageia o mar, tão poderoso pra mim, e a foto grande de Hong Kong, numa das recentes viagens que ele fez sozinho. Eu também trouxe um pouco das memórias de familia, com fotos do meu avô, da pintura da minha avó e de algumas peças trazidas de Portugal, onde meus outros avós nasceram e cresceram”. Para Mariana e Arthur, numa casa cheia de misturas culturais, não pode faltar aconchego. E também flores, comida e bebida. “Desde que começamos a montar o apartamento, queríamos ter uma casa gostosa, confortável, tanto para mim, que venho de outro país, quanto para o Arthur, que vem de outra região da França, e também para todos os nossos convidados e hóspedes. Sempre imaginamos a nossa casa como um ponto de encontro, que fosse colo, que fosse o maior prazer da volta de uma viagem. Diria até que o ato de receber é uma das nossas linguagens de amor mais presente”. Fora a rotina de trabalho, os dois não têm muitas regras para curtir a vida e passar os dias. “A gente é meio tema livre, faz o que dá vontade. Adoramos ficar em casa, sobretudo em dias de ressaca e de inverno chuvoso”. Também gostam de testar um restaurante novo, explorar uma nova jam de jazz ou voltar a um lugar que viraram fãs. E a rotina da casa em si, é de receber. “Nossa casa é um hotel. Se você quiser vir, precisa avisar com antecedência para entrar na agenda”. “Uma bela mistura cultural” é a melhor forma de definir o casal. São dois grandes curiosos pela vida, por manifestações artísticas, pela gastronomia e pela arte de receber. “A gente se encontra tanto em pequenas coisas do cotidiano, quanto em interesses e valores similares mesmo que de culturas bem diferentes (mas complementares!). A gente aprende muito um com outro, e tem uma relação de muita parceria e respeito. Respostas em uma palavra (ou mais): O que não pode faltar numa casa: aconchego Paris ou Rio (ou os dois) e por quê: Paris para viver, Rio para passar as férias porque essas cidades se completam Lugar favorito em Paris: Paris Vintage ou contemporâneo: a mistura deles Foto PB ou colorida: colorida Cor favorita: depende do dia Comida favorita (de qualquer país): arroz feijão e farofa Estilo musical: que dê para dançar Texto: Marcelo de Andrade Fotos: Arthur Guézou
Meu nome é “Vintage”, mas pode chamar de Joana Seixo
Apaixonada por moda e pela estética do passado, a portuguesa Joana Seixo viveu em Lisboa até praticamente os 38 anos. Hoje, aos 40, mora em Tomar, cidade do centro de Portugal, onde alterna seu tempo entre a venda de roupas online, as feiras de antiguidades, o “pastoreio” de suas quatro cabrinhas, Milano, Roma, Oliver e Nico, e de seus cães Bailey e Lira.